As dúzias de instituições
que se declararam “universidades” não tinham qualquer espécie de
semelhança com a verdadeira coisa. Os professores eram, de maneira
geral, pequenas personagens do antigo regime, muitas sem qualificação
bastante e quase todas para além da idade de aprender e mudar. A maioria
do chamado “corpo estudantil” fora antes rejeitado pelo Estado e pagava
uma exorbitância pelo “ensino” que recebia. Cada “universidade
privada”, fosse de que forma fosse, acabava por se tornar um negócio, a
favor de obscuras direcções que não dependiam de nenhuma autoridade
idónea. Mas, no meio disto, precisavam de prestígio.
Para o
“prestígio” escolheram usualmente três caminhos: grandes cerimónias,
imitadas de universidades medievais; trajos de professores de grande
pompa e circunstância; e uma total liberdade para as “praxes”. Numa
altura em que pelo Ocidente inteiro se abandonavam as “praxes” pela sua
brutalidade e pela sua absoluta falta de sentido no mundo contemporâneo,
Portugal adoptou com entusiasmo essa aberração. Tanto as direcções como
os professores não abriram a boca e menos puniram os delinquentes, que
de resto não se escondiam e até se gabavam. Do Minho ao Algarve nasceu
assim uma nova cultura, cada vez mais sádica e tirânica, que variava na
proporção inversa da qualidade académica da instituição em que se
criara. Nas cidades chegou ao seu pior.Parece (não garanto) que a PJ descobriu que os mortos do Meco estavam a cumprir um ritual “praxístico”, sob a direcção de um dux (um nome roubado a Coimbra), quando foram arrastados por uma onda. Parece também que nenhum deles trazia consigo um telemóvel, provavelmente para impedir que pedissem protecção, se o dux ultrapassasse as marcas. Entretanto, corre por aí que essa personagem sofre de uma “amnésica selectiva” e que nenhum aluno da Lusófona revelou ainda à polícia as regras secretas da “praxe” local (“Grande Conselho” incluído). Pior do que isso, na Internet já apareceram ameaças a quem “falar”, tal e qual como na máfia. O sr. ministro da Educação, depois de tantas trapalhadas, devia agora tratar da sua enegrecida reputação com um gesto limpo: fechar a Lusófona e punir os responsáveis que deixaram crescer a barbaridade das “praxes”.
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